Desde o início da pandemia de COVID-19, muito se falou sobre os impactos imediatos da infecção pelo vírus SARS-CoV-2. No entanto, com o passar do tempo, tornou-se evidente que muitos pacientes continuam a apresentar sintomas por semanas ou até meses após a fase aguda da doença. Esse quadro prolongado, conhecido como Long COVID ou COVID longa, vem afetando significativamente a vida cotidiana de milhões de pessoas ao redor do mundo — inclusive sua participação ocupacional.
Neste artigo, vamos discutir o que é a Long COVID, como ela interfere nas atividades do dia a dia e o papel crucial da terapia ocupacional e de uma abordagem interdisciplinar na promoção da participação ativa e significativa dessas pessoas em suas rotinas sociais, profissionais e pessoais.
O que é Long COVID?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), Long COVID é a condição caracterizada pela presença de sintomas persistentes ou novos, que se desenvolvem após a infecção aguda por COVID-19 e duram mais de 12 semanas, sem explicação alternativa. Esses sintomas podem afetar diversos sistemas do corpo e impactar profundamente a funcionalidade dos indivíduos.
Entre os sintomas mais comuns estão:
- Fadiga extrema
- Falta de ar
- Dificuldade de concentração (“nevoeiro mental”)
- Dor muscular e nas articulações
- Alterações do sono
- Ansiedade e depressão
- Palpitações e tonturas
- Cefaleias recorrentes
Esses sintomas variam de intensidade e frequência, e muitas vezes oscilam ao longo do tempo, dificultando a recuperação e o retorno pleno às atividades habituais.
Participação ocupacional: o que significa?
No campo da terapia ocupacional, o termo participação ocupacional refere-se ao envolvimento de uma pessoa em atividades significativas do cotidiano — como trabalhar, estudar, cuidar de si e dos outros, interagir socialmente, praticar lazer e desempenhar papéis sociais. A participação está diretamente ligada à identidade, ao bem-estar e à qualidade de vida.
Quando a Long COVID afeta habilidades físicas, cognitivas e emocionais, há uma interferência direta na participação ocupacional. Isso pode gerar frustração, isolamento social, perda de autonomia e dificuldade de reinserção na vida profissional e social.
Como a Long COVID compromete a participação?
A persistência dos sintomas da Long COVID pode impactar várias áreas da vida ocupacional:
- Vida profissional
A fadiga intensa, a dificuldade de concentração e os sintomas respiratórios dificultam o retorno ao trabalho. Muitos pacientes relatam queda na produtividade, necessidade de pausas frequentes e até afastamentos prolongados.
- Autocuidado
Tarefas simples como tomar banho, se vestir, preparar alimentos ou cuidar da casa podem se tornar exaustivas ou impossíveis em dias de piora dos sintomas.
- Atividades sociais
Interações com amigos e familiares são prejudicadas pelo cansaço, pelas limitações físicas ou pela ansiedade. O isolamento pode agravar quadros depressivos e comprometer o bem-estar emocional.
- Lazer e prazer
Muitas atividades antes prazerosas — como praticar esportes, cozinhar ou sair para passear — deixam de ser possíveis ou deixam de fazer sentido diante da nova realidade imposta pela doença.
O papel da terapia ocupacional
A terapia ocupacional tem um papel central na reabilitação de pessoas com Long COVID. A atuação do terapeuta ocupacional envolve:
- Avaliação personalizada das limitações e potencialidades do indivíduo;
- Planejamento de rotinas adaptadas, respeitando os níveis de energia e os sintomas do paciente;
- Educação sobre economia de energia, técnicas de adaptação e manejo de sintomas;
- Promoção da autonomia e do engajamento em atividades significativas;
- Trabalho colaborativo com outros profissionais, como fisioterapeutas, psicólogos, médicos e fonoaudiólogos, para uma abordagem integrada.
O objetivo principal é restaurar a participação ocupacional, mesmo que com adaptações, para que a pessoa possa voltar a se sentir útil, ativa e conectada à sua vida.
Estratégias de reabilitação baseadas na participação
A seguir, algumas estratégias práticas que têm sido utilizadas para apoiar a retomada da participação ocupacional em pacientes com Long COVID:
- Pacing: técnica de gestão de energia que alterna atividade e descanso para evitar crises de fadiga.
- Listas de prioridades: ajuda a selecionar tarefas essenciais e organizar a rotina de forma funcional.
- Adaptações no ambiente: uso de apoios, mobiliário ergonômico ou modificações no espaço para facilitar o desempenho.
- Intervenções cognitivas: exercícios para melhorar atenção, memória e organização mental.
- Terapias de relaxamento e respiração: para reduzir ansiedade e melhorar o padrão respiratório.
A importância de uma abordagem interdisciplinar
A Long COVID é uma condição multifatorial que exige uma atuação conjunta de diversos profissionais da saúde. A colaboração entre áreas como medicina, enfermagem, psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional é essencial para oferecer um cuidado completo e efetivo. Além disso, é fundamental o apoio de políticas públicas, empresas e instituições educacionais para criar ambientes mais acessíveis e compreensivos, permitindo que essas pessoas retomem seus papéis sociais com dignidade.
Conclusão
A Long COVID é uma condição real e debilitante, que vai além da esfera biológica e afeta profundamente a participação ocupacional das pessoas. A reabilitação baseada em abordagens centradas na pessoa, com foco nas atividades significativas, é essencial para promover autonomia, inclusão e qualidade de vida.
Reconhecer o impacto da Long COVID e oferecer suporte profissional adequado não é apenas uma questão de saúde — é uma questão de respeito, empatia e justiça social.
Artigo escrito com o auxílio da Inteligência Artificial.
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